quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

"A cidade do sol"

Nos últimos dias estive pensando no que escreveria aqui hoje, talvez por isso tenha demorado tanto para fazer a tal atualização. Optei então por falar do que acabei de ler, há alguns minutos atrás.
Trata-se de “A cidade do sol” de Khaled Housseini (traduzido por Maria Helena Rouanet), o famoso autor afegão de “O caçador de pipas”. Para quem conhece alguma das obras de Housseini não existem novidades quanto sua capacidade em expressar suas tristes verdades.
De fato, para mim, seus livros são verdadeiramente tristes e são absolutamente capazes de nos levar para um mundo absurdo e nem um pouco fantasioso. E é exatamente no ponto que une o absurdo à realidade de suas palavras, que o autor estabelece a relação com seus leitores.
“A cidade do sol” conta a vida de duas meninas no Afeganistão, Mariam e Laila. Fala sobre pobreza, a vida sofrida de mulheres afegãs marcada por opressão e preconceitos, bem como de seus filhos, a guerra que acompanhamos pela televisão há poucos anos, os bombardeios em Cabul, a desgraça estabelecida pelo Talibã e, como não poderia faltar em um drama, fala sobre amor.




Em resumo, as vidas de Mariam e Laila se encontram quando estas passam a ser esposas do mesmo homem, ainda muito jovens, e consequentemente passam a sofrer as mesmas agressões por motivos fúteis e machistas, e criam seus filhos com o mesmo medo, embora não tenham o mesmo final.
Mas, para mim, o ponto importante em tudo que eu acabei de ler está na capacidade que alguém pode ter em se dedicar a outra pessoa, principalmente em situações extremas, exibida a cada nova página. Ou ainda, o respeito que se pode ter pelos sonhos e pelos esforços de alguém que não lutou apenas pela própria sobrevivência, mas que ainda conseguiu sonhar sonhos que não eram seus e se dedicar a realizá-los junto aos seus, por amor e gratidão.
Indico a leitura, para passar o tempo, para conhecer elementos de uma cultura muito diferente e para pensar em valores que hoje são quase românticos demais, mas que ainda existem, mesmo que só em situações extremas, na maioria das vezes. Afinal, fugir da realidade não combina tanto com essa postagem.
Durante o livro são citados muitos trechos do Corão e de poemas de autores também afegãos, escolhi para encerrar o que tenho a dizer hoje a última citação, que é um trecho do poema preferido do personagem Zaman:


“José há de voltar a Canaã, não se lamente,
Cabanas vão se tornar jardins de rosas, não se lamente.
Se as águas chegarem destruindo tudo que vive,
Noé será seu guia em meio à tempestade, não se lamente.”


(Hafez)







P.s: gostei de saber que existem pessoas lendo o que venho escrevedo aqui (mesmo que nem todas deixem seus comentários) e espero que isso continue. Aceito as sugestões, as críticas e os comentários também. Estou gostando disso aqui...rsrs

Beijo pra vocês e até a próxima postagem.

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